terça-feira, 17 de março de 2009

Vídeo Popular

Por Wilq Vicente

O Jovem se constitui hoje, pelas suas relações, que são cada vez mais mediadas por um mundo imagético, informacional e de novas tecnologias, e que lhe dê talvez uma compreensão mais aguçada da sociedade em que vive. Até há pouco tempo, produzir e transmitir conteúdos em multimídia eram privilégios de poucos. Queremos dizer que hoje, registrar, fotografar, gravar e editar são atividades acessíveis a todos os interessados, que ao passar dos dias atraem e seduzem um número cada vez maior de jovens, independente da classe social a que pertence. Da sedução unida à busca em desmistificar a construção da imagem, nasce um novo conceito: Cinema Comunitário, Vídeo Popular ou até mesmo Cinema de Quebrada.

Ou seja, tal qual ocorrera na década de 80, hoje o vídeo digital promove novamente certo entusiasmo em relação a uma apropriação democrática dos meios comunicação.
O que então traz de novo à tona este ânimo em relação ao ressurgimento do que podemos chamar de novas funções do vídeo? O que serve como parâmetro para uma proposta do tipo comunitária?

Isto é, parte dessas experiências do vídeo popular surge em meados da década 90, nesta época com uma singularidade particular de dar a câmera ao outro (sujeito), àquele que querem atingir, em vez de simplesmente abrir um espaço narrativo para que este outro (objeto) coloque sua voz somente.

Outro aspecto importante, analítico, é a produção comunitária que está relacionada diretamente com a formação profissional, o maior cuidado, e certa preocupação deve ser a de oferecer ao sujeito iniciante, conhecimento técnico para que ele possa compreender os aspectos econômicos, sociais e políticos que envolvem uma produção audiovisual, talvez ou quase tenhamos certeza, que seja este o aspecto mais relevante da atividade audiovisual comunitária.

Abrir as portas para esta inserção significa, antes de tudo, a transmissão do conhecimento técnico global de captação e manipulação da imagem da tomada à edição final, incluindo formas de exibição e distribuição.

Essa nova experiência do vídeo comunitário surge com o desenvolvimento da tecnologia da imagem digital e as condições estilísticas e econômicas que inauguram câmeras digitais, com um formato de gravação com boa qualidade de imagem, e a viabilização da edição em computadores de uso pessoal (desktop, vídeo e etc). Portanto, são sob esses moldes que inúmeras organizações não-governamentais tenham incorporado oficinas de técnica e linguagem do vídeo como estratégias de formação cultural, cidadã e amadora aos jovens socialmente excluídos dos meios.

Com esta evolução tecnológica, surgem algumas facetas pouco exploradas pelas esferas governamentais e ainda em construção pelas instituições não- governamentais (que não têm papel do poder público). O que notamos é um crescente aumento de Núcleos de Produções Audiovisuais fundados a partir de 2001, inicio dessas oficinas na cidade de São Paulo, foram praticamente três Núcleos formados por ex-egressos das oficinas por ano, outro ponto importante é o crescente número de projetos apoiados pela esfera pública, ou seja, desde o surgimento do Programa de Valorização da Iniciativas Culturais (VAI), criado em 2004, foram contemplados três projetos de Núcleos a cada edição, ou seja, cerca de trinta por cento por ano dos Núcleos subsidiados com recursos públicos.

Mas, se por um lado, há um significado aumento de Núcleos e projetos. Há também de notar com isso, algumas questões pertinentes. Por exemplo, para enfrentar simultaneamente os problemas dos recursos subsidiados pelo poder público que acabam em menos de seis meses, caso do programa VAI. Há uma lacuna pós-projeto, ou seja, outro ponto crucial para os projetos contemplados é a posterior devolução dos equipamentos adquiridos, isto é, os Núcleos ao final do projeto são obrigados, segundo critérios do próprio edital a devolver os seus equipamentos.

Os Núcleos subsidiados pelo VAI, sempre esbarra neste impercilio, talvez uma provável saída fosse se tornar uma pessoa jurídica ou produtora, mais, isso custa caro. Será esse o caminho a ser percorrido pelos jovens e os coletivos?

No entanto, sabemos que ambas as iniciativas tanto o poder público (VAI) e as ONGS (oficinas) são tímidas e pontuais, uma vez que não estão articuladas entre si e não encontram nos Núcleos possibilidades reais de parceria para continuidade dos seus projetos, ou seja, o apoio acaba e depois sem recursos e sem os equipamentos, o que fazer?
É necessário, urgente garantir políticas públicas de acesso e continuidade a essas novas iniciativas, ao invés de ser só paliativas, essas ações passarem a ser realmente contribuidoras. Estou talvez certo e decidido, que Vídeo Popular é um fator de estado do olhar: uma forma que realmente pensa. Nunca é demais repetir.
OBS: OS DADOS, ANÁLISES E OPINIÕES EXPRESSAS NOS ARTIGOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES

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